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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

APG/UFRGS E O PNPG

 A discussão do Plano de Desenvolvimento Institucional, o PDI, com todos os segmentos da Universidade e com a sociedade civil honra a tradição democrática de nossa Universidade. Os temas mais relevantes para a UFRGS têm sido objeto de debate com toda a comunidade acadêmica. Foi assim com as ações afirmativas, com o PDI não poderia ser diferente.

    A Associação de Pós-Graduandos, entidade refundada recentemente, após anos de inexistência, tem muito orgulho de poder contribuir com esse importante debate.
    Ressaltamos que nosso PDI deve ser construído à luz das contribuições da comunidade acadêmica sem desconsiderar, em momento algum, nossa inserção em questões nacionais relacionadas á Educação.
    Por isso, a APG-UFRGS é partícipe da luta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) por:
  • Garantia de 50% DO FUNDO SOCIAL DO PRÉ-SAL PARA EDUCAÇÃO E CTI;
  • 10% do PIB para a educação.
    Há de se ressaltar a grande qualidade das propostas já esboçadas no Livro Verde e o claro comprometimento de seus elaboradores com os três eixos centrais dos rumos desta Universidade, no nosso entendimento: a DEMOCRATIZAÇÃO, a EXPANSÃO, o conhecimento a serviço do DESENVOLVIMENTO.
DEMOCRATIZAÇÃO
    As iniciativas da UFRGS para democratização interna e de acesso são notórias nos últimos anos: a eleições para reitoria e em algumas unidades tiveram a proporção entre docentes, técnicos e estudantes paritária ou próxima disso e as ações afirmativas abriram as portas da Universidade para segmentos há muito excluídos dos bancos universitários.
    Neste importante momento, oportunizado pelo PDI, podemos avançar ainda mais:
  • A PARIDADE deve ser instituída nas eleições e órgãos deliberativos da UFRGS. Esta mais do que provado que a participação equivalente entre todos os segmentos da Universidade enriquece o debate e as decisões;
  • A democratização do acesso deve vir casada com as políticas de permanência na Universidade, através da RADICALIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL. As expansões e criação de novos Restaurantes Universitários, reforma e construção de novas casas e as diversas modalidades de bolsa permanência são avanços significativos, entretanto, devemos nos desafiar a:
  • Ampliar e dar mais eficiência aos Restaurantes Universitários, com o intuito de diminuir as filas, através de medidas como a racionalização dos espaços internos e a venda antecipada de tickets;
  • Garantir vaga na Casa do Estudante ou auxílio moradia a todos os estudantes, da GRADUAÇÃO E DA PÓS-GRADUAÇÃO comprovadamente carentes;
  • Possibilitar que as modalidades de bolsa permanência sejam cumuláveis com atividades remuneradas, em especial estágios, no caso da graduação.
  • Ampliação de programas como o "Pré-Cálculo", com o objetivo de combater a evasão.
EXPANSÃO
    Em 2007, através do REUNI, a UFRGS se desafiou a aumentar 1/3 de suas vagas e de sua estrutura física. Além disso, nos desafiamos a expandir descentralizando a Universidade, criando novos campi no interior.
    A expansão precisa ser pensada à luz das modalidades tradicionais de educação superior, com a expansão da graduação e da pós em áreas consolidadas com demanda de mais profissionais e, também, contemplando as novas modalidades, como os bacharelados e licenciaturas interdisciplinares, os tecnólogos e os cursos à distância.
    Em nenhum dos casos podemos abrir mão da qualidade, da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão e da ampliação das políticas de assistência e permanência estudantil. Portanto precisamos:
  • Desenvolver instrumentos que possibilitem às novas modalidades o desenvolvimento de atividades de pesquisa e extensão, em especial o EAD;
  • Garantir a construção de laboratórios, bibliotecas e salas de estudo condizentes com a ampliação e suprindo o déficit atual;
  • Criação e revitalização de centros de convivência em todos os campi;
  • Espaço físico para as entidades estudantis e para a APG;
DESENVOLVIMENTO
    A expansão da Universidade, seus novos projetos e investimentos devem estar a serviço do desenvolvimento. A UFRGS é a principal universidade da Região Sul do país e deve ser um grande pólo catalisador do desenvolvimento regional. Além disso, nossa interação com a sociedade deve ser ao mesmo tempo estimulada e regulada. Para isso devemos:
  • Os novos cursos criados na Universidade devem ser pensados à luz das necessidades e demandas regionais, bem como, devemos fomentar projetos de pesquisa e extensão com este intuito.
  • Expandir as parcerias com universidades brasileiras e latino-americanas, através de projetos conjuntos, convênios, intercâmbios e doutorados sanduíche;
  • A INOVAÇÃO deve ser estimulada nos projetos de pesquisa desenvolvidos;
  • A UFRGS deve se portar como pólo-catalisador do conhecimento, contribuindo com a sociedade e, inclusive, com as novas IFES criadas e em fase de consolidação no nosso estado;
  • Fomento a ações de interação com a sociedade (pessoas, grupos e empresas), sempre à luz dos interesses da Universidade e com regulação de seus órgãos;
    No que diz respeito à Pós-Graduação, à luz destas considerações precisamos pensar, a exemplo do que ocorre no Brasil com o Novo Plano Nacional de Pós-Graduação, em um PLANO DE PÓS-GRADUAÇÃO para a UFRGS. Que leve em considerações os eixos da expansão, do desenvolvimento e da democratização, que devem nortear todo o nosso debate e as propostas apresentadas contemplam tanto as atividade de graduação quanto de pós.
    Nacionalmente, através de nossa atuação na ANPG, entregaremos nossas contribuições ao Plano Nacional de Pós-Graduação. Seus eixos, no nosso entendimento, devem ser considerados quando pensamos na Pós da UFRGS:
  • Precisamos de MAIS e MELHORES bolsas! As bolsas são fundamentais para garantir que o pós-graduando possa se dedicar a sua pesquisa com qualidade;
  • Queremos uma AVALIAÇÃO MENOS "PRODUTIVISTA". Com esta avaliação encerra-se um ciclo. Este formato de avaliação foi muito importante durante um período, entretanto, à luz da expansão da pós-graduação, das novas necessidades e modalidades desenvolvidas precisamos de uma avaliação que leve em consideração elementos como a EXTENSÃO. Por exemplo, um professor que hoje se dedica e encaminha seus orientandos para atividades de extensão não ganha pontos na avaliação da Capes e, na prática, perde, tendo em vista que deixa de dedicar seu tempo à Pesquisa;
  • A REGULAMENTAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU é urgente!
    A UFRGS foi reconhecida, recentemente, como uma das melhores universidades do país na pós-graduação, através da avaliação trienal da Capes. Temos muito a comemorar, entretanto, com o intuito de qualificar nossa inserção e nossas pesquisas devemos incorporar-se a luta por uma avaliação menos "produtivista" e que contemple as novas modalidades de atividades que desenvolvemos na Universidade.
    Ademais, no PDI, precisamos reforçar – no que diz respeito à Pós-Graduação – três eixos fundamentais: a INTERDISCIPLINARIDADE, o estímulo à DOCÊNCIA e a REGULAMENTAÇÃO DA PÓS LATO.
    A interdisciplinaridade precisa ser estimulada dentro dos programas, faculdades e institutos. Não podemos mais estimular as relações "feudais" estabelecidas entre departamentos, às vezes vizinhos, que disputam espaços e não contribuem entre si. Um parcela significativa das atividades desenvolvidas dentro da UFRGS diz respeito a mais de um departamento, programa ou unidade e devemos possibilitar que discentes e docentes tenham espaços formais de troca e colaboração. No Livro Verde existem várias diretrizes em relação ao fomento à interdisciplinaridade, precisamos amadurecê-las e colocá-las em prática através da:
  • Organização dos salões de ensino, pesquisa e extensão através de "eixos temáticos" ou outra forma que contemple a apresentação de trabalhos de áreas de conhecimento diversa dentro de um mesmo espaço;
  • Fomento à criação de programas de pós-graduação interdisciplinares;
  • Permissão que créditos realizados em outros programas, desde que condizentes com o interesse da pesquisa, sejam validados para os mestrados e doutorados;
  • Criação de institutos e centro de pesquisa interdisciplinares que propiciem a troca cotidiana de experiência entre docentes e discentes de áreas diversas;
    Além da formação de pesquisadores de excelência precisamos que nossos programas se preocupem com a formação de professores de excelência. O Brasil carece, diante da expansão do Ensino Superior, de doutores qualificados para realizar pesquisa mas, também, para exercer a docência. Por isso precisamos:
  • Que cada programa apresente, junto com suas metas à PROPG, sua proposta de estimula à formação docente;
  • Qualificação e acompanhamento dos estágios docentes;
  • Que sejam oferecidas mais vagas e mais disciplinas pela Faculdade de Educação, ou por outras unidades, em cadeiras de didática em Ensino Superior;
  • Que a portaria da Capes/CNPq, que permite acumulação de bolsa e vínculo empregatício seja aplicada nos casos em que o pós-graduando pretende exercer atividade de docência em instituição de ensino.
    Ademais, é urgente e necessária a regulamentação da pós-graduação lato sensu. Infelizmente, no Livro Verde, não encontramos nenhuma proposta que contemple a pós-graduação lato-sensu, que vive expansão desenfreada e desregrada. Sabemos que esta modalidade de pós-graduação é uma demanda da sociedade à nossa Universidade. Entretanto, nada nos impede de dar a cara da Universidade a esta demanda. Nacionalmente, defendemos que tal modalidade seja entendida como formação continuada e não como pós-graduação. Aos cursos com qualidade e dedicação à pesquisa sugerimos a conversão em Mestrado Profissional, inclusive como maneira de fortalecer esta modalidade de pós-graduação stricto sensu.
    Compreendemos esta modalidade como uma forma de qualificação do graduado, que possibilita um conhecimento mais profundo sobre determinado assunto, em geral, vinculado às demandas do mercado de trabalho. Nacionalmente, defendemos que tal modalidade seja compreendida como formação continuada e não como pós-graduação. Entretanto, tais cursos funcionam nos espaços e com a marca da Universidade, sua regulamentação deve passar por:
  • Aprovação da criação de novos cursos condizentes com os objetivos da UFRGS;
  • Os cursos devem ter prestação de contas públicas, disponíveis à comunidade acadêmica;
  • Cada curso deve oferecer, no mínimo, 30% de bolsas, que garantam isenção de mensalidade a alunos sem condições financeiras;
  • Estímulo ao credenciamento como Mestrado Profissional dos cursos com corpo docente e condições de desenvolvimento de atividades de pesquisa;


 

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